L'arène |
Maria Helena Vieira da Silva quando morreu, em 1992, deixou um texto a que chamou Testamento.
Nesse texto lega aos seus amigos 19 cores e os significados que ela
lhes atribuíu. Para comemorar os 105 anos do seu aniversário, a Experimentadesign relembra as suas palavras numa intervenção no Jardim
das Amoreiras que cruza as cores e os sentidos que Vieira da Silva lhes
deu com fotografias da própria artista e do seu marido, Arpad Szenes.
Testamento
Lego aos meus amigos
um azul cerúleo para voar alto
um azul cobalto para a felicidade
um azul ultramarino para estimular o espírito
um vermelhão para fazer circular o sangue alegremente
um verde musgo para acalmar os nervos
um amarelo ouro: riqueza
um violeta cobalto para sonhar
um garança que faz ouvir o violoncelo
um amarelo barite: ficção científica, brilho, resplendor
um ocre amarelo para aceitar a terra
um verde veronese para a memória da primavera
um anil para poder afinar o espírito pela tempestade
um laranja para exercer a visão de um limoeiro ao longe
um amarelo limão para a graça
um branco puro: pureza
terra de siena natural: a transmutação do ouro
um preto sumptuoso para ver Ticiano
uma terra de sombra natural para aceitar melhor a melancolia negra
uma terra de siena queimada para noção de duração
Lego aos meus amigos
um azul cerúleo para voar alto
um azul cobalto para a felicidade
um azul ultramarino para estimular o espírito
um vermelhão para fazer circular o sangue alegremente
um verde musgo para acalmar os nervos
um amarelo ouro: riqueza
um violeta cobalto para sonhar
um garança que faz ouvir o violoncelo
um amarelo barite: ficção científica, brilho, resplendor
um ocre amarelo para aceitar a terra
um verde veronese para a memória da primavera
um anil para poder afinar o espírito pela tempestade
um laranja para exercer a visão de um limoeiro ao longe
um amarelo limão para a graça
um branco puro: pureza
terra de siena natural: a transmutação do ouro
um preto sumptuoso para ver Ticiano
uma terra de sombra natural para aceitar melhor a melancolia negra
uma terra de siena queimada para noção de duração
Vieira da Silva