“Não há nenhuma história que não tenha raízes
no sentimento que a pessoa que a escreve tem da vida. Quanto mais esse
sentimento passa para a narrativa, para as personagens, mais a página dá forma
a um efeito pungente de realidade”
Elena Ferrante in Escombros
Gostei muito de ler os dois primeiros volumes
desta serie de quatro romances da escritora Elena Ferrante. Uma escrita clara,
cativante e assim quando acabamos de ler o 1º
volume, queremos logo iniciar o volume seguinte.
Quatro volumes
que poderiam ser apenas um; neles acompanhamos a vida de duas mulheres e das
famílias que as rodeiam. Começa na infância de duas amigas diferentes, opostas, a pacata (Lenú) e a rebelde (Lina), que seguem vidas distintas e acabam
sempre por se reencontrar até ao dia em que uma delas desaparece.
Nestas narrativas, é impossível não pensar na
nossa infância, nas amizades que fomos criando, nas boas e más memórias da
escola.
“Não tenho saudades da nossa infância, foi
cheia de violência. Acontecia-nos de tudo, em casa e fora dela, todos os dias,
mas não me lembro de ter alguma vez pensado que a vida que nos calhara fosse
particularmente desagradável. A vida era assim e mais nada, crescíamos com a
obrigação de torná-la difícil aos outros, antes que os outros a tornassem
difícil a nós. É claro que teria gostado das maneiras delicadas que a
professora e o padre pregavam, mas sentia que esses modos não eram adequados
para o nosso bairro, mesmo para as raparigas. As mulheres lutavam mais umas com
as outras do que os homens, agarravam-se pelos cabelos, magoavam-se. Fazer mal
era uma doença.”
in Uma amiga genial
Leia o artigo "Elena Ferrante,a voz que nos persegue" de Cristina Margata, publicado na
edição do Expresso de 14 de maio de
2016. Este artigo dá-nos a conhecer a obra e a escritora, considerada
uma das grandes escritoras contemporâneas pelo The New York Times
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