O
1.º de Maio não é só o Dia do Trabalhador, é também o Dia do Trabalhador
imigrante. Convém relembrar: o Dia do Trabalhador nasceu porque, a 1 de maio de
1886, houve um manifestação operária em Chicago na qual, na sequência de uma
bomba que vitimou fatalmente oito polícias, foram presos oito líderes operários
(à época, anarquistas) dos quais quatro foram enforcados em novembro do ano
seguinte e os outros condenados a prisão perpétua (quando se confirmou que
todos eram inocentes, estes últimos foram libertados), na sequência de um
julgamento político que chocou o mundo. Pois bem, dos oito “mártires de
Chicago”, cinco eram imigrantes e dois outros filhos de imigrantes
O
1.º de Maio é também um dia das mulheres e das minorias. A memória viva dos
“mártires de Chicago” foi durante décadas Lucy Parsons, uma oradora inflamada
que era viúva de um dos enforcados, Albert Parsons, que com ela tinha vindo do
Texas. A figura de Lucy Parsons destacava-se na sociedade norte-americana de
então: tendo provavelmente nascido escrava, era descendente de africanos e de
mexicanos. O casamento “misto” desta jovem mulher mestiça com Albert Parsons
tinha sido motivo de escândalo. A luta pela diminuição do horário de trabalho,
em que ambos se empenharam, não estava separada das lutas pelos direitos das
minorias e pelo simples direito a amar e a ser feliz.
Do
1.º de Maio nasceu um movimento sem fronteiras e, como diríamos hoje (e muitos
diziam já então), cosmopolita. Foi logo no ano seguinte, 1887, que a II.ª
Internacional proclamou o dia 1.º de Maio como Dia do Trabalhador...
Continue a ler artigo do Público de Rui Tavares
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