A Rapariga do País de Abril
Habito o sol dentro de ti
descubro a terra aprendo o mar
rio acima rio abaixo vou remando
por esse Tejo aberto no teu corpo.
E sou metade camponês metade marinheiro
apascento meus sonhos iço as velas
sobre o teu corpo que de certo modo
é um país marítimo com árvores no meio.
Tu és meu vinho. Tu és meu pão.
Guitarra e fruta. Melodia.
A mesma melodia destas noites
enlouquecidas pela brisa no País de Abril.
E eu procurava-te nas pontes da tristeza
cantava adivinhando-te cantava
quando o País de Abril se vestia de ti
e eu perguntava atónito quem eras.
Por ti cheguei ao longe aqui tão perto
e vi um chão puro: algarves de ternura.
Quando vieste tudo ficou certo
e achei achando-te o País de Abril.
Manuel Alegre
Mulheres de Abril
Mulheres
de Abril
somos
mão
unidas
certeza
já acesa
em todas
nós
Juntas
formamos
fileiras
decididas
ninguém
calará
a nossa
voz
Mulheres
de Abril
somos
mão
unidas
na
construção
operária
do país
Nos
ventres férteis
a vontade
erguida
de um
Portugal
que o
povo
quis
Maria
Teresa Horta, in Poesia Reunida, Dom Quixote, Lisboa, 2009
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