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quinta-feira, 7 de março de 2024

Contar Abril - Mulheres de Abril

 A Rapariga do País de Abril


 

Habito o sol dentro de ti

descubro a terra aprendo o mar

rio acima rio abaixo vou remando

por esse Tejo aberto no teu corpo.

 

E sou metade camponês metade marinheiro

apascento meus sonhos iço as velas

sobre o teu corpo que de certo modo

é um país marítimo com árvores no meio.

 

Tu és meu vinho. Tu és meu pão.

Guitarra e fruta. Melodia.

A mesma melodia destas noites

enlouquecidas pela brisa no País de Abril.

 

E eu procurava-te nas pontes da tristeza                                                  

cantava adivinhando-te cantava

quando o País de Abril se vestia de ti

e eu perguntava atónito quem eras.

 

Por ti cheguei ao longe aqui tão perto

e vi um chão puro: algarves de ternura.

Quando vieste tudo ficou certo

e achei achando-te o País de Abril.

 

Manuel Alegre


Mulheres de Abril

 

Mulheres de Abril

somos

mão unidas

 

certeza já acesa

em todas

nós

 

Juntas formamos

fileiras


decididas

 

ninguém calará

a nossa

voz

         

Mulheres de Abril

somos

mão unidas

 

na construção

operária

do país

 

Nos ventres férteis

a vontade

erguida

 

de um Portugal

que o povo

quis

 

Maria Teresa Horta, in Poesia Reunida, Dom Quixote, Lisboa, 2009

 


 

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