No âmbito da temática “Elos de Leitura”,
os alunos dos 10º e 11º anos foram
convidados a partilhar leituras com o lema «Um livro que aconselharias a um
amigo».
A partir de um dos títulos
aconselhados, escreve uma nova história,
num texto em prosa que não ultrapasse as duas páginas A4.
No teu texto poderás incluir a(s)
frase(s) exemplificativa(s) da obra selecionada.
Textos Premiados
Apresentamos um excerto de cada texto produzido. Podem ler a versão integral aqui.
1º lugar - Rúben Simões, 12º1
A
Melodia do Adeus
Escurece… Mais um dia
que acaba e a cidade parece dormir.
Já mal a vejo. Quando
apaga a luz, vem deitar-se a meu lado, em teimosas miragens que não quero
largar. Oh, ópio perfumado! Assim que caio no sono, alucino com outras noites
em que, sem sono, fui bem mais feliz com ela.
Batem duas horas no
sino da igreja, nem dei pela entrada da madrugada… Batem dois estrondos na
minha cabeça e eu acordo. Desperto do sonho adormecido para o pesadelo
acordado. “Perdi o controlo sobre tudo. Até sobre os lugares dentro da minha
cabeça.”
...
2º lugar - Miguel Palma,
12º1
A
Rapariga no Comboio
Meter o pé no comboio
e não saber ao que vais. Não te alistaste para isto. “Onde é que me desinscrevo?”. Entraste e
desajeitadamente procuras onde pertences. O teu lugar é aquele e mesmo que
queiras, não te podes sentar naquele que vai com vista para o mar. O estofo
verde-escuro cobre uma espuma desconfortável, viras-te e reviras-te até
encontrares a tua posição ideal. Acabas com a testa encostada ao vidro, a mão
na face suporta o peso da cabeça enquanto o cotovelo se apoia no parapeito do
vidro gelado. O olhar apaga-se. Tens uns olhos escuros, brilhantes, já os vi
perfurar sete almas só nesta carruagem, incluindo a minha. Estranha essa
sensação, de te olharem para lá do teu corpo físico e chegarem ao que só alguns
olhos com poderes conseguem ver. O que será que eles veem?
...
3º lugar - David Miranda,
11º1
V
de vingança
A poeira assentou.
Olhei em meu redor, escombros e destruição por toda a parte. Já mal se viam os
aviões, aquelas máquinas voadoras que espalharam pela nossa “casa” um imenso
mar de sangue vivo. O céu estava coberto por uma camada de nuvens carregadas, e
também a mim me apetecia chorar.
Akim, o meu jovem
filho e um grande orgulho, segurava na mão esquerda uma espingarda,
permanecendo imóvel ao lado do corpo da mãe gélido e endurecido. Que diziam os
seus olhos? Seria aquele verde intenso tristeza? Ou vingança?
...