Onze horas da manhã. Não está
propriamente um bom dia para deambular, mas o que era Sintra sem o exotismo da
sua paisagem envolta em nevoeiro?
Tudo parece estar clamo e no seu lugar,
tirando um ou outro carro que vai passando e perturba a paz do silêncio
sufocante e enternecedor. Ouve-se o corriqueiro grito irritante do pavão. Uma
criatura tão vistosa e cheia de si mas que não deixa ninguém cá em casa dormir.
Pobre animal, apenas a fazer aquilo que a Natureza lhe diz que tem de fazer.
Tal como todos nós, que deambulamos por aqui e por ali às ordens das leis de um
universo cósmico que alguém num domingo à tarde (com certeza muito aborrecido)
decidiu inventar. Bem, sem querer entrar por grandes filosofias a esta hora.
A manhã vai-se desenvolvendo sombria,
chuvosa e misteriosa como deve ser. À frente, mato. Atrás, mato. De todos os
pontos cardeais possíveis, de minha casa só se vê um manto de pinheiros
escravos a dançar ao ritmo do vento.
A chuva vai-se intensificando. Que
maravilhoso dia está lá fora para ficar cá dentro. Já que não posso deambular
pelas ruas físicas, deambulo então por cada canto da rua na minha mente.
Estou neste momento a atravessar por
cima do rio que ameaça transbordar. Sempre me lembro do rio com aquele chorão
colossal à beira. Continuo o meu caminho pelas vivendas e moradias. Suspeito
que esteja toda a gente na cama a dormir a sesta depois de um almoço farto. Uns
metros mais à frente e ah! Cá está! O Património Mundial da UNESCO! Um
monumento do mundo, mas que é tão meu. Lá em cima no topo da Serra a maravilhar
os olhos de Deus sempre que Ele olha cá para baixo. Uma visão de uma estética
romântica e paradisíaca, própria de um conto de fadas. Como diria Saramago,
“Sintra daria um bom paraíso no caso de Deus fazer outra tentativa”
Catarina Moita – 11º1
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