Neste 21 de março, partilho convosco dois poemas reescritos a partir de palavras de dois poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen pelos alunos do 10.º1 e 10.º2.
Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.
Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só dos teus olhares me purifique e acabe.
Há muitas coisas que eu quero ver.
Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo. E que o Teu reino antes do tempo venha. E se derrame sobre a Terra Em Primavera feroz precipitado.
Sophia
de Mello Breyner Andresen
Peço-te que sejas o presente.
Que me purifique,
Só dos teus olhares
Inundes a terra.
Peço-te que venhas e me dês
A liberdade, antes do tempo,
E que o teu reino derrame
O tempo mais comprido.
Peço-te porque tudo está
Sobre coisas,
E suportar é ver que há muitas
que eu quero.
Chamo-te, em primavera,
Ainda no princípio
(que) venha feroz, precipitado,
E se acabe tudo.
10º2ª
A
hora da partida
A
hora da partida soa quando
Escurece
o jardim e o vento passa,
Estala
o chão e as portas batem, quando
A
noite cada nó em si deslaça.
A
hora da partida soa quando
as
árvores parecem inspiradas
Como
se tudo nelas germinasse.
Soa
quando no fundo dos espelhos
Me
é estranha e longínqua a minha face
E
de mim se desprende a minha vida.
Sophia de Mello
Breyner Andresen
A
noite escurece e as portas batem.
Soa
quando a hora da partida,
estranha
e longínqua,
e
o vento passa.
Soa
quando cada nó em si deslaça,
quando
soa a hora da partida.
Como
se tudo germinasse.
E
de mim no jardim se desprende.
Quando
estala o chão
as árvores inspiradas parecem (a) minha vida,
nelas,
a minha face me é (o) fundo dos espelhos.
10º1
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