Padre António Vieira, defensor dos índios e dos escravos negros
O
profundo humanista que foi Padre António Vieira não podia ficar indiferente à
brutalidade com que os ameríndios e os escravos negros eram tratados no Brasil.
Uma prática, aliás, consentida por toda a Europa colonizadora. O missionário
tudo viu e tudo denunciou na corte portuguesa. O que pedia era dignidade e
tolerância para com os povos subjugados. Os índios chamavam-lhe o «Padre Grande»
As ideias que
defendeu e as causas que combateu fazem de Padre António Vieira uma espécie de
revolucionário português do século XVII. Numa época marcada pelo absolutismo, o
pregador jesuíta mais famoso de sempre não hesitou em defender os oprimidos, em
denunciar injustiças e atacar poderes dominantes. Nem mesmo o Santo Ofício
escapou às suas críticas. A coragem e a liberdade são marcas da longa vida
deste homem invulgar, modelado pela formação na Companhia de Jesus e pela
estética barroca.
O pregador
que falou aos homens e aos peixes fez da palavra "matéria-prima do seu
ofício". O fulgor da oratória e da prosa de Padre António Vieira revelam
um cuidado extremo com esse elemento vital, fonte incessante da sua plural
vida; no que disse, no que fez e no que escreveu. Fernando Pessoa não teve
dúvidas e chamou-lhe o Imperador da Língua Portuguesa.
Religioso,
diplomata e escritor, foi uma das figuras mais influentes da cultura portuguesa
do século XVII. Defensor do oprimidos, como os indígenas e os cristãos-novos,
deixou um conjunto de sermões que são objeto de estudo em Portugal e no Brasil.
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